quinta-feira, 10 de março de 2011

Uma Exibição Única no Carnapauxis

Diante de um grande público os jovens músicos fizeram bonito

Por M. Lino

Terça-feira gorda de carnaval, acompanhávamos o desfile irreverente do bloco das Virgens. Próximo ao Quartel, na altura da Colina do Céu, os alto-falantes na Praça da Cultura anunciaram que a Escola de Música Manoel Rodrigues faria uma apresentação única no palco do Carnapauxis.  A comissão de frente do bloco passava diante da igreja do Bom Jesus e a minha espectativa logo se voltou para a apresentação dos jovens músicos.
Uma revoada de libélulas adentrou a praça, pousou no palco onde haviam se posicionado os jovens instrumentistas, admirados, diríamos, até assustados, talvez pela apreensão em estrear num palco maravilhoso e diante de milhares de espectadores, certamente o maior público a qual se apresentaram até então. A preocupação era tão grande e visível que nem sequer um gesto era notado entre os garotos, alguns abraçavam seus instrumentos como se o risco em perdê-los fosse iminente. As borboletas evoluíam no palco e nossos bravos músicos estáticos pela novidade, toda praça era movimento, nenhum balanço de ombro era notado entre o grupo. Concentração? Nervosismo? Estava claro que aquela era a maior experiência na vida deles. Não é fácil encarar o maior público do carnaval de Óbidos. Diante de uma apresentação tão importante o que pensariam os pequenos?
Lembrei o tema do bloco das Virgens e comecei a indagar-me: que borboleta sairia daquele casulo? Ainda não havia apreciado o trabalho da escola. Os músicos, quietinhos como casulos. Alguma coisa sairia dali, mas as cores da borboleta ainda me eram desconhecidas. A expressão nos rostos de adolescentes expressavam sonhos refletidos no pentagrama dos olhos de cada um.
Torcia para que tudo desse certo.
Após a execução da música oficial do bloco e apresentação do estandarte, comissão de frente, etc., finalmente o locutor oficial anunciou, com as merecidas pompas, a aguardada exibição. Chegara o momento do casulo romper e liberar a borboleta ali contida. Somente um ouvido exigente e perfeccionista poderia notar um ínfimo descompasso na introdução da apresentação (culpa da falta de um ensaio prévio com a banda), algo irrelevante no momento e imediatamente contornado com maestria pelo grupo, que superou a ansiedade e evoluiu as notas de clássicos do carnaval nacional para o espanto da massa de brincantes ali presente. Vencido o primeiro instante de improvisação, o conjunto musical superou as espectativas e mostrou o resultado de longa dedicação e aprendizagem, merecedora de elogios. Fiquei orgulhoso daqueles jovens.
Foi uma surpresa, mostra convincente de que em Óbidos a tradição dos músicos correrá sempre perene. A escola se apresentou de forma condigna ao nome de Manoel Rodrigues, o mestre que em tantos momentos nos alegrou com sua música.
Já era tempo da escola de música descer da Casa de Ordens do Quartel General Rego Barros para o meio do povão, aliás, para cima de um palco.
Pela categoria que os jovens músicos mostraram, percebemos que estão muito bem preparados para alçar outros vôos. A recepção que proporcionaram aos visitantes merece registro, mas é preciso mais, muito mais, ainda falta um degrau a ser percorrido.   Para o ano, é fundamental passar do palco para o chão, de um lugar restrito para as ruas. Quando vemos Rosildo e Isaac Israel fazendo espetáculo diante do “Pai da Pinga”, almejamos ver esses jovens da escola de música puxando outros blocos pelas ruas da cidade. O que falta? Maturidade? Acredito que não.
A apresentação na terça-feira de carnaval, foi prova suficiente de que esses músicos estão prontos para levar alegria pelas ruas da cidade.
A aparição no palco foi tímida, mas as ruas os aguardam, o carnaval precisa desses músicos. Sem dúvida, será um ganho para todos, principalmente para o carnaval obidense, que carece da participação mais ativa da escola de música Manoel Rodrigues. É fundamental que estes saiam do casulo e ganhem as ruas nos próximos carnavais, para alegrar e contribuir com o Carnapauxis.

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