segunda-feira, 28 de março de 2011

INCLUSÃO DIGITAL CHEGA EM ÓBIDOS

Localizado nas dependências da Escola Felipe Patroni, o Telecentro Comunitário já está funcionando, porém, a maior clientela ainda é de alunos.

Por M. Lino

Agora a população já pode enviar e ler e-mail, pesquisar, obter informações, verificar as prestações de conta dos gestores públicos, etc., tudo através da internet, e o melhor, de graças. Já está funcionando o Telecentro Comunitário de Óbidos, Programa de Inclusão Digital do Ministério das Comunicações. Espaço aberto à comunidade obidense, logo na entrada da Escola Felipe Patroni, no bairro de Fátima. Horário de atendimento: 7:30h às 19:30h; sendo que pela manhã das 7:30h às 8:30h o espaço é reservado para os alunos e funcionários da Escola Felipa Patroni; das 8:30h ás 13:30h aberto para toda comunidade; à tarde das 13:30h às 14:30 reservado para os alunos da Escola Felipe Patroni; das 14:30h às 19:30h aberto para a comunidade. Alunos de outras escolas podem utilizar os serviços de internet no Telecentro desde que para pesquisa e trabalhos.
Segundo Geanice dos Santos, funcionária responsável pela organização do espaço, no período da manhã, para acessar a internet ou fazer trabalhos de digitação, entre outros, é necessário apenas cadastrar uma senha de usuário. Geanice ressaltou que, por enquanto, a maioria da clientela é constituída por alunos.
A internet possibilita inúmeras oportunidades de pesquisa e informação. Ótima opção para novos usuários da Web que agora podem exercer sua cidadania através do veículo de comunicação mais democrático: a internet.












segunda-feira, 21 de março de 2011

COLETA DE LIXO: OS PROBLEMAS CONTINUAM

Insuficiente e irregular no bairro da Cidade Nova e em outros bairros.

Por M. Lino

Não é de hoje que o problema afeta os bairros mais afastados do centro da cidade. O centro comercial é onde prioritariamente a coleta de lixo é feita. Mesmo assim, não é difícil deparar-nos com monturos de lixo nas calçadas dos comércios.
Nos bairros periféricos, ou nem tanto assim, a situação piora. O cidadão tem que contar com a boa vontade dos coletores, ou ainda com a sorte, adivinhar momento em que o trabalho vai ser executado. Os próprios moradores fabricam caixas onde depositar o lixo, mas, geralmente os inúmeros cães vadios que perambulam pela cidade, derrubam as caixas e espalham o que há ali, outras vezes os urubus furam os sacos plásticos e espalham as imundícies, pois não há lugares adequados para armazenar o lixo.
Quem pode, e tem como, jogar o lixo faz por conta própria. Resta ao cidadão menos aquinhoado esperar pelo poder público.

PROBLEMAS NA COLETA DE LIXO

Entre outras dificuldades, as mais recorrentes:

1º A coleta de lixo não vai em todos lugares, grande parte da população fica impossibilitada de ter acesso a esse serviço.
2º Não há caixas de coleta de lixo adequadas e à disposição, para a população depositar o lixo.
3º O destino do lixo é incerto.
4º Não há aterro sanitário, o lixo é jogado a céu aberto.

CRATERAS, LIXO E ENXURRADAS

As fortes chuvas ocorridas nos últimos meses provocaram inúmeros transtornos, principalmente para os moradores da travessa Independência, ruas Belém e José de Alencar no bairro do Engenho.
Como se não bastasse as péssimas condições das ruas, eles tem que enfrentar o problema da erosão que ameaça as casas nos dias de chuva intensa.
A Secretaria de Infraestrutura tem procurado contornar a situação, jogando na rua José de Alencar a chamada “tabatinga”, o material inadequado é levado pela enxurrada e vai parar dentro do chavascal de onde a COSANPA (Companhia de Saneamento do Pará) capta água que abastece parte da cidade. A quantidade de terra que desce das ruas (Belém e José de Alencar) é enorme, e a cada chuva é depositado no leito do igarapé. Podemos caminhar por entre as aningueiras onde antes era o igapó. A água do igarapé “Engenho” de clara, mudou para a cor parda de tanta tabatinga.
A cratera que se formou no cruzamento da Independência com a Belém mete medo. Na tentativa de tapar o buraco, a população joga lixo e carniça no precipício, lixo este que é levado pelas águas na direção dos poços da COSANPA e do aningal que circunda o manancial, atulhando ainda mais o igarapé conhecido como “Veia”. Lembro mais uma vez que é desse manancial que é retirado água para abastecer parte da cidade de Óbidos.
















quinta-feira, 10 de março de 2011

Uma Exibição Única no Carnapauxis

Diante de um grande público os jovens músicos fizeram bonito

Por M. Lino

Terça-feira gorda de carnaval, acompanhávamos o desfile irreverente do bloco das Virgens. Próximo ao Quartel, na altura da Colina do Céu, os alto-falantes na Praça da Cultura anunciaram que a Escola de Música Manoel Rodrigues faria uma apresentação única no palco do Carnapauxis.  A comissão de frente do bloco passava diante da igreja do Bom Jesus e a minha espectativa logo se voltou para a apresentação dos jovens músicos.
Uma revoada de libélulas adentrou a praça, pousou no palco onde haviam se posicionado os jovens instrumentistas, admirados, diríamos, até assustados, talvez pela apreensão em estrear num palco maravilhoso e diante de milhares de espectadores, certamente o maior público a qual se apresentaram até então. A preocupação era tão grande e visível que nem sequer um gesto era notado entre os garotos, alguns abraçavam seus instrumentos como se o risco em perdê-los fosse iminente. As borboletas evoluíam no palco e nossos bravos músicos estáticos pela novidade, toda praça era movimento, nenhum balanço de ombro era notado entre o grupo. Concentração? Nervosismo? Estava claro que aquela era a maior experiência na vida deles. Não é fácil encarar o maior público do carnaval de Óbidos. Diante de uma apresentação tão importante o que pensariam os pequenos?
Lembrei o tema do bloco das Virgens e comecei a indagar-me: que borboleta sairia daquele casulo? Ainda não havia apreciado o trabalho da escola. Os músicos, quietinhos como casulos. Alguma coisa sairia dali, mas as cores da borboleta ainda me eram desconhecidas. A expressão nos rostos de adolescentes expressavam sonhos refletidos no pentagrama dos olhos de cada um.
Torcia para que tudo desse certo.
Após a execução da música oficial do bloco e apresentação do estandarte, comissão de frente, etc., finalmente o locutor oficial anunciou, com as merecidas pompas, a aguardada exibição. Chegara o momento do casulo romper e liberar a borboleta ali contida. Somente um ouvido exigente e perfeccionista poderia notar um ínfimo descompasso na introdução da apresentação (culpa da falta de um ensaio prévio com a banda), algo irrelevante no momento e imediatamente contornado com maestria pelo grupo, que superou a ansiedade e evoluiu as notas de clássicos do carnaval nacional para o espanto da massa de brincantes ali presente. Vencido o primeiro instante de improvisação, o conjunto musical superou as espectativas e mostrou o resultado de longa dedicação e aprendizagem, merecedora de elogios. Fiquei orgulhoso daqueles jovens.
Foi uma surpresa, mostra convincente de que em Óbidos a tradição dos músicos correrá sempre perene. A escola se apresentou de forma condigna ao nome de Manoel Rodrigues, o mestre que em tantos momentos nos alegrou com sua música.
Já era tempo da escola de música descer da Casa de Ordens do Quartel General Rego Barros para o meio do povão, aliás, para cima de um palco.
Pela categoria que os jovens músicos mostraram, percebemos que estão muito bem preparados para alçar outros vôos. A recepção que proporcionaram aos visitantes merece registro, mas é preciso mais, muito mais, ainda falta um degrau a ser percorrido.   Para o ano, é fundamental passar do palco para o chão, de um lugar restrito para as ruas. Quando vemos Rosildo e Isaac Israel fazendo espetáculo diante do “Pai da Pinga”, almejamos ver esses jovens da escola de música puxando outros blocos pelas ruas da cidade. O que falta? Maturidade? Acredito que não.
A apresentação na terça-feira de carnaval, foi prova suficiente de que esses músicos estão prontos para levar alegria pelas ruas da cidade.
A aparição no palco foi tímida, mas as ruas os aguardam, o carnaval precisa desses músicos. Sem dúvida, será um ganho para todos, principalmente para o carnaval obidense, que carece da participação mais ativa da escola de música Manoel Rodrigues. É fundamental que estes saiam do casulo e ganhem as ruas nos próximos carnavais, para alegrar e contribuir com o Carnapauxis.

Não percamos a fé na classe política

Por M. Lino

Há algumas semanas, escrevi, a respeito do Patrimônio Arquitetônico de Óbidos, um pequeno texto, o qual recebeu certo apoio, algumas críticas (é natural), a maioria comentários a favor. Pois bem, uma opinião me chamou a atenção e por esse motivo transcrevo-o aqui:
“Fico pensativa quando leio os comentários. Até o momento não li uma sugestão para melhorar alguma coisa em Óbidos, só vejo reclamação, rancor e bobagens. Imagino que se um dos que escrevem fosse eleito prefeito ou vereador, tudo ia ficar do mesmo jeito. Nenhum tem boas idéias, só sabem reclamar”. (fonte: site Chupa Osso)
Percebam a seguinte afirmação: “se um dos que escrevem fosse eleito prefeito ou vereador, tudo ia ficar do mesmo jeito”. Aí está, caros leitores, o desabafo de alguém que perdeu consideravelmente a fé no gênero humano. Pelo que afirma o comentário, a classe dos políticos não merece muito crédito, e mais, os cargos de vereador ou prefeito, parece conter uma espécie de vírus da perversão. De acordo com este comentário, qualquer cidadão, por mais bem intencionado que seja, ao assumir um cargo eletivo, sofre estranha metamorfose, é tomado por atitudes esdrúxulas que corroem o caráter e a memória, porque esquecem rapidamente as promessas de campanha e não cumprem a palavra empenhada no palanque. É uma opinião salgada, não há dúvida. Expressa o pensamento de muitos cidadãos alienados por decênios de submissão e falta de perspectivas. Infelizmente o único horizonte que estes vislumbram é o da Serra da Escama.
“Tudo ia ficar do mesmo jeito”, será? Segundo o palhaço (e deputado federal) Tiririca: “Pior do que está não fica”. Porém, é fundamental entender uma coisa: o embate de opiniões constitui mecanismo imprescindível no processo de construção de uma sociedade democrática. De outro modo o regime político se transforma numa ditadura, onde a vontade de uma minoria prevalece sobre a opinião dos demais.
É compreensível a intenção do comentário em calar a diversidades de vozes. O desmerecimento implícito nas entrelinhas reflete resquícios da ditadura, do coronelismo, dos “viveiros” eleitorais, onde o pobre tapuio era apanhado nas ruas e encerrado em propriedades particulares e saía dali unicamente para votar na chapa de seu “fulano”. Quando muito, recebia uma garrafa de cachaça ou um par de sapatos que nunca usava. Apenas na eleição seguinte era procurado novamente. Nesse entremeio tinha que ficar calado, submisso.

É preciso legislar

Quando digo que o Patrimônio Arquitetônico está ameaçado não culpo a administração pública atual por isso, pois este processo se arrasta há décadas. O que é preciso fazer urgente é evitar a descaracterização do centro histórico da cidade. Como? Regulamentando reformas e construções novas para que conservem o padrão colonial. É fácil realizar? Não, por isso até hoje não há um lei a esse respeito, capaz de impedir, a partir de agora, o uso de outro estilo de construção que não seja o colonial.
Para que a população e os órgãos públicos cheguem a um termo é preciso envolver a comunidade nas discussões, realizar chamadas públicas, consultar os cidadãos e tomar as providências, legislar.
Tenho visto algumas casas no centro da cidade, reformadas recentemente, e que preservam o estilo original, demonstrando a sensibilidade dos proprietários para com a manutenção do padrão de arquitetura portuguesa.
Enfim obidenses, não percam totalmente as esperanças, tenhamos fé na classe política e lembremos o adágio popular: “A esperança é a última que morre”.
Rancor? Não. Porém, repito: o embate de idéias é imprescindível na construção de uma sociedade democrática. Os meios de comunicação têm papel importante no processo democrático.
Sim, é possível fazer política com a participação do povo, basta querer.

quarta-feira, 9 de março de 2011

A conquista da mulher no campo econômico, social e político.


Quando Deus criou o mundo,
Não fez de um jeito qualquer
Ao verificar se a obra estava completa,
Percebeu a falta da joia mais rara: a “mulher”.

Deixou que o homem dormisse.
Tirou dele, a costela mais próxima do coração.
Transformou-a em companheira, seu par,
Para ser amada, de geração, em geração.

Deus entregou para esse casal,
O universo; um paraíso completo.
Mas, a inveja entre os irmãos Caim e Abel
Transformou parte do Paraíso, em deserto.

Essa ausência de amor,
Espalhou-se rápido no mundo inteiro.
Hoje, a maioria das pessoas, só corre atrás:
De prestígio, status e dinheiro.

Fecham os olhos para a dura realidade
Da mulher que luta pela sobrevivência.
Na função de lavadeira, carvoeira, gari, doméstica,
Fazendo tudo com muito carinho e paciência.

Levando em conta os preconceitos
De religião, posição social, idade, tamanho e cor
O ser humano feminino hoje, é mais discriminado
Pela falta de um verdadeiro amor.

Porém, se prestarmos bem atenção,
A humildade feminina tem brilhante garantia,
Pois lavar, enxugar, perfumar os pés de Jesus,
Aos poucos, nos foi revelada essa imensa valia.

Em camadas sociais mais altas,
Umas são professoras, advogadas, médicas ou ministra.
As mulheres desempenham bem seu papel.
Nas mais variadas funções, no mundo, a perder de vista.

As diferenças de ser criança, jovem, adulta ou idosa.
São referencias que precisamos valorizar,
Através do respeito em forma de gestos, palavras, ações.
Cada pessoa no mundo necessita, não só viver, mas, também, amar.

Quando Jesus passou na terra,
Significativo exemplo nos deixou em ação.
A pedido da mulher, sua mãe.
Da água em vinho, Ele fez a mais relevante transformação.

Em casa a mulher era esposa, mãe e escrava doméstica.
Não podia trabalhar fora, e votar nem se comenta,
Porém, ao enfrentar os desafios na escola social da vida
Hoje, 2011, mãe, deputada, ministra e presidenta!!!!!

Essa transformação poderá continuar sempre,
Da melhor maneira que você quiser,
Porém o primeiro passo consiste:
Na valorização do ser humano: “mulher”.

Autora: Professora Nazaré Gomes
Co-autora: Professora Helenice Segundes

sábado, 5 de março de 2011

Originalidade do Carnapauxis possui raízes lusitanas

Por M. Lino

O carnaval de Óbidos, a cidade mais portuguesa da Amazônia, tem suas origens na cultura lusitana, que chegou ao interior da Amazônia trazida pelos imigrantes portugueses principalmente no século XIX, a partir daí preservou-se em sua essência como expressão genuína na região.
Em Portugal, a cultura popular construiu a figura do careto, cuja essência constitui, sem dúvida, a alma do Mascarado Fobó obidense. É interessante notar que a indumentária do nosso Mascarado Fobó é idêntica ao do careto do nordeste de Portugal, região de Trás-os-Montes, salvo a máscara que os lusos tradicionais fabricam de madeira (cara-de-pau) e os obidenses utilizam o papelão para construí-la. Certamente o careto fez uma longa viagem partindo do continente europeu, passou pelos arquipélagos e de lá chegou até Óbidos.
Careto x Fobó
O encarte do CD “Carnapauxis: a festa do Mascarado Fobó” (vol. 01. Óbidos: SECTUMA, 2003) nos revela que o Mascarado “é um misto de risos, medo, admiração e alegria; ora causa espanto às crianças que o temem por suas bexigas, ora causa risos, mas também, aguça a ira das pessoas que, banhadas em suas portas ou nas esquinas, recebem do Fobó polvilhadas de Maisena”. Dessa forma, o Fobó se diferencia do careto da região de Trás-os-montes, que na vila de Salsas, concelho de Bragança, mantêm atitudes mais sensuais e tem como recheio apenas jovens solteiros. O personagem português, entre outras pantomimas, ao encontrar uma moça, persegue-a até enlaçar-se em sua anca e realizar uma espécie de movimento lascivo, fazendo balançar os chocalhos que leva atado à cintura. Nos arquipélagos a figura do careto também aparece.
O Mascarado Fobó incorporou as atitudes dos brincantes do entrudo realizado no Rio de Janeiro, a Enciclopédia Mirador (1982) menciona a respeito do entrudo que “Alvarás e avisos contra ele apareceram nos primeiros anos do séc. XVII”. O entrudo carioca consistia em uma verdadeira guerra nas ruas da cidade, os foliões usavam os mais variados materiais, “pós ou cal” para sujarem-se mutuamente ou aquele que insistisse em abrir portas ou janelas quando da passagem da turba. O pintor Jean Baptiste Debret (1768-1848) imortalizou a manifestação popular na tela “Dia do Entrudo” de 1823. O entrudo não escapou de fatais mudanças e “Sua morte definitiva deveu-se, sobretudo, ao aparecimento de instrumentos mais civilizados de brincar: o confete, a serpentina e o lança-perfume”. Em Óbidos o confronto com materiais menos nobres foi substituído por polvilho, atirado de mão cheia ou passado no rosto do brincante, assim mantêm-se a irreverência do antigo entrudo.

O carnaval obidense tem início em 1º de janeiro com a tradicional concentração no “Canto do Seu Augusto” no finalzinho da tarde, e todo domingo no mesmo horário o bloco sai pelas ruas, e a festa se estende até a terça-feira de Carnaval, e encerra oficialmente com o arrastão do Bloco das Virgens, onde os homens se vestem de mulher a as mulheres se vestem de homem. Em Portugal os caretos de Salsas, saem na noite do dia 1º de janeiro para brincar nas casas onde há moças solteiras, etc, e a folia continua até o dia de Reis (06 de janeiro). Na vila de Lanzim, concelho de Lamego, o entrudo se estende até a terça-feira gorda com a leitura em praça pública do testamento do Compadre e da Comadre que expõe, de forma satírica, defeitos de homens e mulheres do lugar.

Semelhanças, muitas semelhanças
Aqui, “a careta”, como dizia minha saudosa avó, procura esconder a identidade. No Carnapauxis a máscara é que defende o anonimato do folião, serve de escudo de proteção, além de adorno é um artefato que mantêm anônimo o folião, com ela o Mascarado faz e acontece sem risco de ser descoberto. “As máscaras teriam sido introduzidas no Rio de Janeiro em 1834, por influência francesa. (...) As de papelão grosseiro destinavam-se aos brinquedos de rua.” (Mirador, 1982 ).
Na cabeça o capacete de fitas coloridas, imitando as listras multicores do fato de franjas do careto português. O apito intimida e determina o ritmo da folia (campainha em Portugal), o dominó era fantasia de luxo nos antigos bailes carnavalescos no Rio de Janeiro e veio para as ruas de Óbidos colorido, folgado (fato em Portugal), outros artefatos são a bexiga (chocalho em Portugal) e a Maisena. O careto também carrega um pau com o qual se apóia durante suas estripulias. Dependendo da região de Portugal há pequenas variações na indumentária do careto.

A tradição não pára

Atualmente, em Óbidos, a manifestação que mais se aproxima do carnaval original é o séquito do “Pai da Pinga” no final da tarde de segunda-feira. O irreverente bloco que tem como símbolo a figura de um boi de pano e é animado por música de instrumentos de sopro e percussão, percorre as ruas da cidade no compasso constante dos brincantes, sem horário ou percurso pré-definido, dessa forma mais espontâneo. Tal como o refrão do bloco “Não pára, não pára, não pára...” o Pai da Pinga revive o autêntico carnaval de rua. Originou-se da união (genial) de um grupo de amigos do bairro de Santa Terezinha que, por sua atitude, questionaram o carnaval travado pelo trio elétrico no domingo, então, resolveram transpor as regras e estender a alegria um dia a mais, dando preferência à liberdade de seguirem nas rua animados pelas circunstâncias da improvisação. Merece registro a criativa capacidade do mestre de cerimônia e compositor oficial do bloco, Artur, em revelar verdadeiros artistas do povão, entre eles Cláudio Leite, Bebê Chorão, Márcio Fruta e agora a voz de ouro Nilda Furacão.